segunda-feira, 21 de abril de 2014

Cosmogonia Sertaneja


Arde o Sol de meu Sangue acaboclado
Sobre a áspera Rocha do meu ser,
Astro escuro tentando se esconder
Sob a Luz do Sertão esbraseado,
Onde o Rio de meu Sangue derramado
Rega o Solo de um mundo endurecido
E ilumina este Abismo adormecido,
Despertando Demônios e Poetas
Que, gritando suas Palavras secretas,
Dão ao Caos deste Mundo algum sentido.

Sobre o chão pedregoso Sertanejo,
Furioso e brilhando Aurivermelho,
Paira o Astro terrível que é o espelho
Do Sangue derramado e malfazejo
De um Poeta infernal, cujo bafejo
Deu alento a uma Raça piolhosa
Que, gerada na vil massa Argilosa,
Quis alçar-se à Divina posição.
Anoitece nas terras do Sertão,
Sonha a Raça divina, silenciosa.

Versos augustos

Eu procuro beleza em qualquer canto:
Nos livros que leio,
Em programas de tevê.
Procuro significados em inconsequentes programas de tevê.

Talvez não haja significados,
Talvez a beleza se esconda na procura,
Não em contorcidos corpos adolescentes.
Por que se contorcem tanto os corpos adolescentes?

Há muita angústia na descoberta
De que somos meros agregados de sangue e cal.
Quero ser algo mais que sangue e cal,
Algo além do carbono e do amoníaco.

Quero ainda um dia encontrar aquela esquina,
Aquele lugar fatídico em que minh'alma ficou perdida.
Esquina temporal.
Quero um dia ainda me encontrar.

Estrofe Angélica

Com o fósforo que tu me ofereceste
Queimei a minha alma num cadinho.
Moí meus ideais neste moinho
Onde teus ideais também moeste.

Heroi

Vosso Heroi? Ei-lo.
"Do que é capaz?
É famanaz?"
Não, joga Halo.

Alma minha gentil

Minh'alma num difratograma
Vi no laboratório um dia.
Para mim mesmo eu descrevia
O espectro no espectrograma.

Bebi moléculas de lama,
Li livros de filosofia,
Acreditei em quem não cria,
Meditei mais que o Dalai Lama.